segunda-feira, 18 de novembro de 2019

O dia em que a Marvel / Disney prestaram um desserviço aos fãs de "O Incrível Hulk".


O icônico e até então insubstituível... Hulk... vivido por Lou Ferrigno.

Lou Ferrigno foi um dos primeiros... talvez o único... à criticar a palhaçada que o Marvel Studios... em parceria com a Disney... fez com o personagem das HQs criado por Stan Lee (roteiro) e Jack Kirby (desenhos) no início dos anos sessenta... O Incrível Hulk.


Variando entre Frankenstein e O Médico e o Monstro... o Hulk ganha sua primeira HQ.

O seriado televisivo do Hulk... fez história... e nada poderá mudar isso. Este que vos fala... é um fã assídio deste personagem... que graças ao seriado... se aprofundou em todo e qualquer conhecimento sobre o mesmo. "O Hulk é um personagem bastante simples... ele é apenas um monstro zangado que odeia a sua outra parte... Bruce Banner... pois para o Hulk... Banner é um fracote... enquanto o Hulk é todo poderoso... ele possui essa dicotomia interior"... disse o gênio por trás da criação do Hulk... no DVD bônus do primeiro filme do Hulk dirigido por Ang Lee em 2003.


Stan Lee não poupa elogios ao seriado televisivo do Hulk.

Outro ponto interessante... e que reforça ainda mais a importância do seriado televisivo do Hulk... na parte de roteiro / atuação... é que Stan Lee elogiará o mesmo... ressaltando a brilhante ideia do criador da série... Kenneth Johnson... em não fazer o Hulk falar na adaptação televisiva... o personagem tinha que soar mais como um monstro assustador. Outro fator interessante... é que o Hulk aparecera duas vezes em cada episódio... com uma hora de duração... com exceção dos filmes / episódios pilotos. O seriado era na verdade... inteiramente focado em Bruce Banner (Bill Bixby)... com um desempenho pra lá de competente por parte de sua atuação.


O olhos de David Bruce Banner.

Nos anos setenta... as HQs do Hulk se tornaram mais do que importantes... graças ao seriado que as influenciara como uma espécie de motor propulsor para se contar boas histórias... explorando o conflito interno do personagem de forma única... como fez Bill Mantlo (roteiro) e Sal Buscema (desenhos) na década de oitenta. Na edição #312... de Incredible Hulk... Mantlo explora à fundo a psique de Banner... com revelações que inclui abuso infantil e traumas de infância provocados por seu pai.


Edição #312 de "Incredible Hulk".

Ang Lee... conhecido por obras cultuadas e de forte apelo dramático como Tempestade de Gelo... de 1997... aproveitara o trabalho de Mantlo... e até de outras tramas apresentadas nas HQs do Hulk... onde a psique do personagem se tornaria o foco principal da história... para incluir na primeira adaptação de 2003... com roteiro de James Schamus... John Thurman e Michael France. À princípio... o trabalho de Mantlo ganhara vida nos cinemas... pois até o nome completo do pai de Bruce Banner... Brian David Banner... fora incluído... e seria até mesmo uma homenagem ao Banner vivido por Bixby.


O Hulk enfrenta cães irradiados por gama na edição #14 de Incredible Hulk.

O Filme de Lee... embora em parte seja fiel ao roteiro das HQs... apresenta uma produção de gosto duvidoso de nomes como Avi Arad... Kevin Feige... Larry Franco... Gale Anne Hurd... Stan Lee... James Schamus... Cheryl A. Tkach e David Womark. Kevin Feige... hoje presidente do "Marvel Studios"... era apenas um iniciante. A adaptação derrapa vergonhosamente... não tanto pelo drama... deveras essencial... mas pela extensão do mesmo... apresentando ao público... o que podemos chamar de balde d'água fria em se tratando da primeira aparição do Hulk... após o incidente que transformara Bruce Banner (Eric Bana). Considerando que Bana não possuía nem metade do carisma e charme de Bill Bixby... o que acabou se tornando uma tarefa complicada simpatizarmos com esse novo "Bruce Banner". Embora... o filme compense pela atuação da deslumbrante Jennifer Connely... em seu papel como a filha do General Ross... o desafeto do Hulk nas HQs... vivido por Sam Elliott.


O Hulk concebido por Computação Gráfica.

Apesar da computação gráfica não convincente e das alterações abruptas / grotescas por parte do roteiro... como no momento em que o pai de Banner se torna um vilão conhecido das HQs do Hulk... o filme honra seu papel em algumas cenas de ação... onde vemos o potencial do gigante esmeralda ao esmagar o exército de Ross e até causando o caos como uma criatura lutando por sobrevivência. Outro momento de destaque é o diálogo entre o personagem de Bana com o de Nick Nolte... reforçando a seriedade por parte do trabalho de Mantlo e até de Peter David... que expandira o conceito de Mantlo nos anos noventa.


Bruce Banner (Eric Bana) e seu pai... David Banner (Nick Nolte)

O filme de Lee se encerra no momento em que Banner é dado como morto / desaparecido... partindo então para uma retomada produzida em 2008 pelo Marvel Studios e pela Valhalla Entertainment. A retomada do Hulk teria apenas a distribuição da Universal Pictures... do contrário do primeiro filme... em que a Universal colaborou na produção. E agora partimos para o ponto onde essa retomada começa a me chatear só de eu ter de escrever sobre ela... estrelada por Edward Norton (Bruce Banner)... pela beiçuda... Liv Tyler... pelo veterano... William Hurt e por outros personagens 'nobody cares'... esse Hulk de 2008 é apenas uma tentativa mal sucedida de ressuscitar o espírito da série televisa com alguns elementos setentistas das HQs do Hulk... incluindo versões alternativas das HQs. O verdão teria um inimigo à altura... Emil Blonsky... o Abominável... com ele...  outros personagens clássicos das HQs seriam introduzidos... como Samuel Sterns... o Líder. A trama foi baseada numa HQ do Hulk... por sinal... muito bem sucedida.


A retomada do Hulk em 2008... produzida pelo Marvel Studios e distribuída pela Universal Pictures.

Não apenas querendo ser fiel às HQs... como também criando uma construção cronológica para o que viria a ser o filme dos "Vingadores"... a Marvel usa a retomada dirigida pelo genérico... Louis Leterrier... de forma que dificilmente o filme obteria êxito nas bilheterias... ou que despertasse algum interesse relevante no Banner de Norton. Com um misto de ação genérica / computação gráfica mal feita / e momentos absurdamente patéticos... como aquele em que Banner diz não poder ficar excitado para transar com Betty... caso contrário sua pulsação aumentara e ele se transformaria no Hulk... o filme não empolga o suficiente. E me pergunto até hoje... como que o roteirista Zak Penn... pôde ter uma ideia tão bizarra de um Banner que não pode transar com sua amada?


Bruce Banner (Edward Norton) e Betty Ross (Liv Tyler)... apenas para os mais sensíveis.

Outro ponto pra lá de negativo da retomada... é o poder descomunal do Hulk não explorado como deveria. Se ele esmaga alguns tanques e resiste ao ataque de um canhão sônico... ele desaponta ao esmagar o Abominável com as mãos limpas... onde nem com sua força aumentando desproporcionalmente por intermédio de sua fúria... ele é capaz de esmagar com a brutalidade apresentada nas HQs. A desculpa... mais do que esfarrapada... é que Banner controlara o Hulk... portanto aquilo que presenciamos no duelo final contra o Abominável... não era o Hulk... e sim um Bruce Banner que... com técnicas de meditação... aprendera a controlar seu alter ego. A Marvel consegue enganar os fãs / espectadores... apresentando a palmada sônica do Hulk... mas quando queremos ver realmente o potencial do personagem... se torna desapontador.


Duelo que não remete ao impacto das HQs.

Banner deixa sua amada e parte em fuga... Norton tem divergências de opiniões com a Marvel... e assim... Mark Ruffalo é chamado para seu papel. Ruffalo sequenciaria o papel de Norton a partir de "Os Vingadores"... em 2012. De surtos de fúria... partindo para um Hulk controlado com direito à feitos descomunais... o personagem se torna um vingador... fazendo com que acreditássemos que o filme... que reunira os heróis mais importantes da Marvel... representaria a "nova fase do personagem nos cinemas". O resultado do Hulk / Ruffalo... à princípio... fora bem sucedido... influenciando até mesmo as HQs... com o Hulk / Banner se tornando um agente da S.H.I.E.L.D.


O Indestrutível Hulk.

Porém... com "Vingadores: Era de Ultron"... de 2015... tudo desandara. O Hulk não era mais aquele que um dia foi temido pelos heróis e pelos humanos. O personagem parecera mais um mascote dos Vingadores... desvencilhando-se de todos os fatores que o diferenciava dos demais personagens das HQs. Pra piorar... "Vingadores 2" influenciara as HQs para o pior. Pois no mesmo ano... teríamos a estréia da versão jovial do Hulk.


A influência negativa dos filmes nas HQs.

O Hulk ainda não se tornara por completo motivo de "alívio cômico". Mas foi com "Thor: Ragnarok"... de 2017... que a palhaçada teria início... mas aceitável... considerando que o tom do filme é propositalmente esdrúxulo... transformando tudo de brutal apresentado na HQ... em algo psicodélico e bobo.


O Hulk falastrão.

O desandamento... cujo desrespeito foi ainda maior... com um Hulk que aparecera nas cenas iniciais de "Vingadores: Guerra Infinita"... apenas para apanhar gratuitamente... ignorara boa parte dos fatores que fazia com que o Hulk permanecesse fora desse ciclo repetitivo e embaraçoso da Marvel. Como mais um pretexto para o insuportável... Mark Ruffalo... fazer suas gracinhas numa tentativa de "entreter" os espectadores.


O palhaço sem graça... Mark Ruffalo.

A Universal... aparentemente... não quis arriscar um novo filme do Hulk... cientes da palhaçada que a Marvel fez com a péssima representação do personagem nos cinemas. Os direitos autorais do Hulk permanecem com a Universal... e espero que nenhum acordo entre ambos seja feito. O desserviço prestado para com o personagem... é de uma escala de mediocridade sem limites... que ao meu ver... só tende a piorar. De uma adaptação que poderia ter sido O FILME do Hulk... e a representação das HQs que ele tento merecera... tivemos deturpações no roteiro... mal uso da computação gráfica... e partindo do genérico para o constrangedor... na nova abordagem concedida para "entretenimento" barato.


O Hulk que tira selfies... e uma citação vergonhosa (0:18... "o melhor de ambos") ao Professor Hulk das HQs.
























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